Retrato preocupante: Piauí entre os estados que mais dependem do Bolsa Família no Brasil.

Dados recentes mostram que o Piauí concentra quase 590 mil famílias no Bolsa Família, o que o torna um dos 12 estados onde os beneficiários superam o número de trabalhadores com carteira assinada . Segundo levantamento da PNAD Contínua do IBGE, 16,8 % da população piauienses recebeu algum tipo de renda de programas sociais em 2024, enquanto a média nacional foi de apenas 9,2 %  .

Esta proporção é a maior registrada entre todos os estados da federação  .

Comparativo com o mercado formal

  • 590,3 mil famílias dependem do Bolsa Família
  • 360 mil pessoas possuem carteira assinada no estado — indicando que o programa social tem maior alcance que o emprego formal  .

Isso significa que, sob o ponto de vista formal, o Piauí concentra mais beneficiários do que trabalhadores com vínculo empregatício — posição ocupada por apenas 12 estados, todos eles nas regiões Norte e Nordeste  .

Duração crônica da dependência

Pesquisas revelam que 41,3 % das famílias do Piauí recebem o Bolsa Família há 10 anos ou mais, entre os maiores percentuais do país  .

Essa permanência prolongada evidencia uma dificuldade de ascensão social e formação de autonomia econômica.

Reflexões indispensáveis

  • A dependência de programas sociais sinaliza falhas no mercado de trabalho: empregos com carteira nem sempre chegam a tempo para substituir os benefícios.
  • A permanência de famílias no programa por longos períodos mostra que há barreiras reais à mobilidade social — seja por falta de qualificação, infraestrutura ou acesso ao emprego.
  • O papel dos programas sociais precisa ser claro: amparar em momentos de vulnerabilidade, mas, ao mesmo tempo, servir como ponte para a autonomia financeira.

Caminhos a percorrer

  1. Expandir a qualificação profissional, com foco em jovens e públicos tradicionais dos programas sociais.
  2. Fortalecer o empreendedorismo rural e urbano, oferecendo microcrédito, assistência técnica e acesso a mercados.
  3. Aprimorar a transição, permitindo que famílias mantenham parte do benefício ao iniciarem emprego formal, evitando cortes abruptos (como os previstos em “regras de proteção”).
  4. Reforçar políticas integradas públicas, unindo renda, educação, saúde e infraestrutura para quebrar o ciclo da pobreza.

Conclusão

O Piauí enfrenta hoje uma realidade dual: embora a pobreza extrema tenha recuado — número que orgulha — mais de 16 % da população continua dependente de programas sociais, muito acima da média nacional. A grande pergunta que emerge é: como transformar essa dependência em liberdade econômica duradoura?